domingo, 29 de junho de 2008

O meu primeiro contacto com uma dissertação, analisando-a como tal

Considero um marco importante, neste meu processo de aprendizagem no mundo da Investigação Educacional, a leitura e análise que fiz da dissertação indicada pelas docentes desta Unidade Curricular: As TIC no JI: contributos do Blogue para a Emergência da Leitura e da Escrita, de Ádila Ferreira Lopes.
Por ter sido para mim um momento significativo, como um despertar (Atenção, é algo como isto que se espera que tu consigas fazer daqui a uns meses!) para o trabalho que aí se aproxima, parece-me justificada a inclusão, neste meu webfólio, do documento de análise que elaborei a partir das questões lançadas pelas docentes:


Análise da dissertação As TIC no JI: contributos do Blogue para a Emergência da Leitura e da Escrita, de Ádila Ferreira Lopes

1- A autora apresenta claramente o problema formulado na investigação?
Na página 7 da dissertação pode ler-se: ‘Propomo-nos estudar os contributos das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), mais concretamente averiguar de que forma o blogue contribui para a emergência da leitura e da escrita em contexto pré-escolar.’
Também na página 8, a investigadora apresenta o problema com a seguinte formulação: ‘Este estudo pretende averiguar de que forma o uso do blogue em contexto educativo constitui uma ferramenta promotora de literacia.’
Portanto, o problema parece-me claro. No entanto, depois, são enumerados, ainda na página 8, cinco objectivos que parecem ir, em parte, além do problema formulado:
- Analisar a contribuição dos blogue para a emergência da leitura e da escrita
- Compreender o modo como se processa a emergência da leitura e da escrita através dos suportes informáticos
- Reflectir sobre a contribuição dos projectos integradores e promotores de leitura e escrita, em suporte digital (pode-se generalizar assim a partir de um estudo e a base teórica apresentada?)
- Compreender de que forma o blogue influencia o processo da aprendizagem da leitura e da escrita
- Encontrar respostas para as dúvidas dos educadores de infância quanto ao uso das tecnologias de informação e comunicação no jardim-de-infância (muito abrangente?)

2- É apresentada uma revisão bibliográfica?

Na página 11, a investigadora apresenta os estudos já existentes na área, que considera serem poucos (uma limitação ao seu estudo): ‘Por outro lado, investigámos numa área educacional em que existem poucos estudos: no panorama nacional apenas encontrámos os de Lúcia Amante (2004), com uma investigação sobre a integração das novas tecnologias em contexto de Educação Pré-Escolar, com recurso ao computador na actividade de escrita; Maria Cruz (2004) com uma investigação sobre a integração da world wide web nas actividades do jardim-de-infância, numa análise sobre o envolvimento das crianças de 5 anos; e finalmente a investigação de Alexandra Paz (2004), sobre software educativo múltimédia no jardim-de-infância, centrando-se nas actividades preferidas pelas crianças dos 3 aos 5 anos de idade.’
Mais tarde, na página 47, a investigadora refere-se a outros estudos que terão sido feitos relativamente à utilização dos blogues em contexto educativo (não limitado ao JI): A este propósito, salientamos alguns estudos realizados no panorama nacional, reveladores do interesse por parte da comunidade científica: os de Ana Amélia Carvalho, Sónia Cruz, Adelina Moura, (2006); Maria João Gomes, (2005), entre outros.

3- Há elementos relativos à planificação da investigação?
A investigadora limita-se a apresentar, na página 52, uma calendarização daquilo que considera serem os dois momentos do estudo: O estudo obedeceu a uma calendarização previamente definida e que, em linhas gerais, teve os seguintes momentos:
1º Momento – construção do blogue disponível em
http://dajaneladomeujardim.blog.com/ (Outubro, 2006);
2º Momento – trabalho de campo no jardim-de-infância (Dezembro a
Maio de 2007).

4- Quais são os elementos referenciados sobre o estudo empírico
[1]?
A investigadora afirma tratar-se de um estudo de caso
[2], inscrevendo-se, portanto, no paradigma qualitativo.
Define, na página 51, o problema, o contexto e o objecto: ‘depois de identificada a problemática a estudar – as TIC no jardim-de-infância: contributos do blogue para a emergência da leitura e escrita – e encontrado um contexto – jardim-de-infância de Rio Covo St.ª Eulália – e um objecto de estudo – Sala 1’
Tratando-se, portanto, de um estudo de caso é importante a afirmação da investigadora (p.51): ‘parece-nos que mais do que quantificar ou generalizar, interessa-nos compreender um processo’
Também está de acordo com o paradigma de investigação escolhido o facto de:
‘observar e questionar os sujeitos – crianças’ e de que ‘a recolha de dados foi feita no ambiente natural – sala sendo a Educadora/investigadora observadora participante’ (p.51)

5- São identificados os instrumentos de recolha de informação?
É sobretudo nas páginas 51 e 559-61 que a investigadora se refere à recolha de informação:
‘A observação participante no contexto natural de acção, consubstanciada
no diário de pesquisa, constituiu a principal forma de recolha de dados, a que se juntam informações provenientes de outras fontes,’ (p. 51)
‘outras técnicas de recolha de dados que se afiguraram relevantes,
entre elas os registos diários do trabalho das crianças, os registos de vídeo, e as entrevistas às crianças a partir das quais descobrimos a sua perspectiva sobre as experiências de aprendizagem que realizaram.’ (p. 51)
‘Para o desenvolvimento deste trabalho, optámos pelas seguintes técnicas de recolha de dados: observação participante, notas de campo, entrevistas informais e entradas no blogue. A principal técnica de recolha de dados foi a observação participante.’ (p. 59 – até à página 61 caracteriza cada uma das ‘técnicas’)
Parece-me haver aqui alguma indiferenciação de conceitos:
- a observação participante
[3] é uma forma de observação, refere-se à atitude que o observador assume face ao seu objecto de estudo[4];
- não deve, portanto, ser confundida com as técnicas e os instrumentos de recolha de informação que também são mencionados (entrevistas informais, notas de campo, etc.)

6- Quais os procedimentos de análise de dados?
A dissertação tem um capítulo inteiro dedicado à análise de dados, dividido em vários sub-capítulos. Nestes, a investigadora tenta cumprir alguns dos objectivos inicialmente propostos, servindo-se do relato de algumas etapas do projecto.
No entanto, o modo de análise não está explicitado.

7- É possível identificar as conclusões da investigação?
Existe um capítulo específico para as conclusões.
Na página 84, a investigadora afirma ‘este estudo pretendeu ir de encontro às investigações que defendem a familiarização da criança em idade pré-escolar com as TIC’ e apresenta algumas conclusões nesse sentido.
No fundo, a investigadora analisou um projecto, tentando, através dele verificar se os estudos existentes nessa área seriam confirmados.

8- Qual o paradigma em que se insere a investigação?
Trata-se do paradigma qualitativo, isto é, do Método de Investigação Qualitativa
[5], do tipo estudo de caso.

[1] Estudo empírico = investigação baseada na recolha de dados observáveis (Educational Research - ver espaço 'Gogos, conchas e pérolas')
[2] Estudo de caso = pretende fornecer relato/estudo/análise detalhado/a de um ou mais casos (Educational Research)
[3] Albano Estrela (1994:31) define a observação participante de seguinte maneira: ‘Fala-se de observação participante quando, de algum modo, o observador participa na vida do grupo por ele estudado’ (ESTRELA, A. (1994).Teoria e Prática de Observação de Classes. Porto: Porto Editora)
[4] Albano Estrela (1994:30)
[5] (Educational Research - ver espaço 'Gogos, conchas e pérolas)

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