Pareceu-me relevante também regista aqui a perspectiva de David Nunan[1] no que se refere à escolha de uma determinada técnica de tratamento de dados e aos conceitos de fiabilidade e de validade.
Assim, tirei alguns apontamentos:
Segundo Nunan, a opção por uma determinada metodologia tem mais a ver com a perspectiva filosófica do investigador sobre o mundo, do que propriamente com a oposição entre o qualitativo e o quantitativo:
‘I have argued that, while the distinction between qualitative and quantitative research is simplistic in many ways, it does represent a real, not an ostensible, distinction. However, that distinction is a philosophical one which is not always reflected in the actual conduct of empirical investigation. Underpinning quantitative research is a positivistic notion that the basic function of research is to uncover facts and truths which are independent of the researcher. Qualitative researchers question the notion of an objective reality. As Rist asserts: ‘Ultimately, the issue is not research strategies, per se. Rather, the adherence to one paradigm as opposed to another predisposes one to view the world and the events within it in profoundly different ways. (1977:43)’ (p.20)
No que se refere aos conceitos de fiabilidade (reliability) e de validade (validity), Nunan considera que são fundamentais em qualquer investigação.
Para este autor, a fiabilidade refere-se à consistência dos resultados da recolha, da análise e da interpretação dos dados. A validade refere-se ao facto se aquilo que é recolhido efectivamente é pertinente para os propósitos da investigação.
Nunan afirma que tanto a fiabilidade como a validade podem ser internas e externas:
- fiabilidade interna: consistência da recolha, análise e interpretação de dados. (pergunta chave: ‘Would an independent researcher, on reanalysing the data, come to the same conclusion?’)
- fiabilidade externa: o facto de um investigador independente conseguir reproduzir o estudo e chegar a resultados semelhantes. (pergunta chave: ‘Would an independent researcher, on replicating de study, come to the same conclusion?’)
- validade interna: o facto de a investigação poder ser interpretada (interpretability of research). (pergunta chave: ‘Is the research design such that we can confidently claim that the outcomes are a result of experimental treatment?’)
- validade externa: os resultados podem ser generalizados. (pergunta chave: ‘Is the research design such that we can generalise beyond the subjects under investigation to a wider population?’)
Nunan alerta para o facto de, por vezes, a validade interna e externa entrarem em tensão, uma vez que a tentativa de fortalecer/garantir uma delas, pode levar ao enfraquecimento da outra.
Comentário:
Mais uma vez se confirma que é necessário ler diversos autores, pois as suas perspectivas complementam o nosso conhecimento. O ponto de vista de Nunan, sem entrar propriamente em conflito com as perspectivas de Afonso (ver post específico), aborda as mesmas questões de uma maneira bastante diferente.
[1] NUNAN, D. (1992). Research Methods in Language Learning. Cambridge: Cambridge University Press.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
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