segunda-feira, 30 de junho de 2008

Reflexão sobre o decurso da actividade 3, ‘Utilizar e preparar entrevistas’, inserida na temática 2, ‘O processo de recolha de dados’

Esta actividade centrava-se sobre a utilização da entrevista na investigação.
Trata-se de um instrumento de recolha de dados muito comum e relevante na investigação educacional. A entrevista é um instrumento ‘adaptável’ às mais diversas situações (individual, em grupo, presencial, via telefone, email,...) e necessidades (pode ser curta, longa, ter uma sessão ou mais, falar de um só tópico, abarcar um grande número de tópicos...). Assim, é natural que tenhamos diversos tipos de entrevistas, entre os quais se destacam a entrevista estruturada (com um guião de perguntas fixo, que é seguido pelo entrevistador naquela sequência e sem omitir ou acrescentar perguntas – tanto pode ter questões fechadas – geralmente, em estudos quantitativos - ou abertas – geralmente, em estudos qualitativos), a semi-estruturada (com um guião de perguntas, cuja ordem pode ser alterada, em que podem ser acrescentadas ou omitidas perguntas, conforme do decorrer da entrevista – utilizada em estudos qualitativos) e a entrevista aberta (sem estrutura fixa, geralmente sem guião – em estudos qualitativos).
Deste modo, entende-se que, quanto mais aberta a entrevista for, mais a sua qualidade depende do entrevistador. Daí que tenha decidido, no trabalho em equipa (azul), destacar o papel do entrevistador da seguinte forma:
‘A qualidade da entrevista está indissociavelmente ligada ao entrevistador. E essa relação torna-se mais evidente quanto menos estruturada for a entrevista.
Na entrevista estruturada (geralmente associada à investigação quantitativa), o entrevistador tem de cumprir alguns princípios básicos: ser educado, explicar o objectivo da entrevista, garantir a confidencialidade, seguir a sequência de perguntas que consta do seu guião, registar as respostas que lhe são dadas (geralmente, resposta muito curtas ou, até, cruzes ou indicações de sim e não), abster-se de fazer comentários.
Quanto mais aberta for a entrevista, mais complexa e multifacetada se torna o papel do entrevistador, isto é, mais a qualidade de entrevista pode depender das características e competências do entrevistador.
É importante que o entrevistador consiga estabelecer uma relação de confiança com o entrevistado – isto implica, que o entrevistado não tenha nunca a sensação de vai ser, de alguma forma, avaliado ou julgado.
Deve formular as suas intervenções, (quer se trate de perguntas directas ou formas de incentivar o entrevistado a aprofundar ou esclarecer um aspecto) de forma clara e inequívoca para não amedrontar o entrevistado.
Deve saber ouvir: deve estar atento ao que o entrevistado diz e como o diz.
Deve ter sensibilidade para entender meias palavras ou se algo não foi dito – e saber se se trata de uma situação em que é sensato, para o desenvolvimento da entrevista, indagar e aprofundar mais.
Deve ser flexível – ele deve ser capaz de responder imediatamente às situações com que se depara: a entrevista é um encontro entre dois (ou mais) seres humanos, tratando-se, portanto, de uma interacção única.
Deve ter sensibilidade para gerir e reconhecer os silêncios – os silêncios podem surgir por diversos motivos e as reacções a eles devem ser ajustadas.
Deve ser capaz de levar o entrevistado, caso interesse para a investigação, a aprofundar mais um determinado aspecto, sem, no entanto, o influenciar ou deixar transparecer as suas próprias crenças e opiniões.
Como um detective (Bogdan & Biklen, 1994, p. 139), deve se paciente e conseguir decidir o que é relevante ou não e conseguir ligar as informações que vai obtendo do entrevistado.’ (lançado em fórum, no espaço de trabalho da equipa azul, a 29 de Abril (21:42))
Trabalho em grupo (equipa azul):
Também nesta actividade tentámos construir o nosso conhecimento acerca deste instrumento de recolha de dados à luz das questões colocadas pelas docentes da unidade curricular e tendo em conta a análise da dissertação com as respectivas questões. Assim, participámos nos diferentes temas, no sentido de esclarecer dúvidas e debater opiniões. A fonte principal para o desenvolvimento desta actividade foi o documento fornecido pelas docentes, Interviewing in qualitative research (consulta do original no espaço ‘Gogos, conchas e pérolas’) e Bogdan e Biklen
[1], que consta da bibliografia fundamental desta Unidade Curricular. No entanto, todos nós conseguimos contribuir para a discussão com novas fontes que mereceram a nossa análise e que ajudaram a aprofundar os nossos conhecimentos.
Todos participámos activamente na elaboração da matriz exemplificativa do guião de uma entrevista semi-estruturada.
De realçar que a relevância e a sequência de algumas etapas foram objecto de discussões demoradas e profundas, em que houve um esgrimir de argumentos até chegarmos ao consenso final. Talvez por isso mesmo, tratou-se de uma fase de trabalho muito enriquecedora.
A avaliação que a equipa fez da participação de cada um dos seus elementos é reflexo de toda esta agitação fomentadora da aprendizagem.
Participação no fórum geral:
Ao contrário do que aconteceu no trabalho em equipa (equipa azul, entenda-se), o trabalho conjunto em fórum não correu muito bem – talvez pelo entendimento divergente da ideia de matriz exemplificadora, patente nos trabalhos que surgiram nos vários grupos.
Facto é que não se conseguiu chegar, em tempo útil, a um consenso que permitisse a conclusão, com sucesso, desta actividade.

Em síntese, foi uma actividade que incidiu num instrumento de recolha de dados que eu considero muito interessante e útil. Principalmente, durante a fase de trabalho de grupo, consegui aprofundar aspectos que me parecem muito relevantes, como, por exemplo, as diferentes tipologias de entrevistas e o papel do entrevistador.


[1] BOGDAN, R. e BIKLEN, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.

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